A ESTRUTURAÇÃO DO CURRÍCULO PELA COMUNIDADE ESCOLAR
Na estruturação do currículo é importante a administração do tempo: pela escola no que diz respeito ao cumprimento do ano letivo; pelo aluno, otimizando a utilização de sua permanência no ambiente escolar; e pelo professor para o correto aproveitamento da carga horária de seu contrato de trabalho. Além disso, é necessário distribuir ao longo dos diferentes anos letivos - seja qual for a organização adotada na escola, em séries, semestres, anos, ciclos, etapas ou módulos - os conteúdos programáticos, a planejada complexificação de atividades e a crescente autonomia dos alunos no desenvolvimento de tarefas, aquisição de habilidades e demonstração de competências.
Quando segue passo-a-passo o calendário tradicional e uma grade curricular baseada em conteúdos e disciplinas isoladas, a escola causa a impressão de que pouco se preocupa ou se quer reflete sobre a aprendizagem, as dificuldades encontradas no ensino dos alunos e o desenvolvimento científico, social, cultural e ativo dos discentes na sociedade, uma vez que estes precisam, em primeiro lugar, de um processo de ensino-aprendizagem concreto, significativo, qualitativo, democrático, autônomo e inclusivo nos diversos contextos sociais.
Quando bem elaborado pela comunidade escolar, o currículo busca atender à diversidade cultural presente na escola e, ao mesmo tempo, oferece um conjunto significativo de conhecimentos, os quais devem ser compreendidos de maneira democrática. Quando o currículo apresenta conteúdos passivos, certamente isto se deve ao fato de que a escola também é passiva frente ao processo de aprendizagem.
A escola deve buscar a formação da consciência humana e científica e não apenas desempenhar a tarefa de preparar os discentes para as demandas do mercado de trabalho. Restringindo-se somente à ênfase do trabalho, a escola é incapaz de formar os seus alunos para a cidadania e possibilitar o entendimento e a compreensão de seus direitos e deveres. De acordo com Alessandra Wihby, Neide de Almeida Lança Galvão Favaro e Michelle Fernandes Lima, "a luta pela garantia de uma escola pública da melhor qualidade possível nas condições históricas atuais, que supere os projetos pedagógicos capitalistas, o paradigma do mercado aplicado à educação, indo além da função de preparar para o mercado de trabalho ou a universidade. O objetivo deve ser o de assegurar aos indivíduos a apropriação dos conhecimentos sistematizados, ou seja, da ciência, propiciando o desenvolvimento de uma concepção mais elaborada de mundo, que possibilite a sua compreensão, a apreensão de suas múltiplas e complexas dimensões para uma atuação humana mais racional e consciente" (WIHBY, FAVARO, LIMA, 2007: p. 13).
O currículo escolar deve ser mais bem elaborado na escola, pois ele é um conjunto de conhecimentos em prol do ensino-aprendizagem dos educandos. Quando o currículo é bem planejado, organizado e elaborado coletivamente por todos no contexto escolar, os conhecimentos são muito mais abrangentes, qualitativos e gratificantes para todos os que fazem parte do processo de aprender a aprender. O que se observa muitas vezes são instituições de ensino que não sabem fazer um bom uso do currículo escolar, resultando na desvalorização ou fragmentação deste. Se a escola passiva não valoriza o currículo como algo fundamental na práxis pedagógica, obviamente não consegue formar cidadãos críticos, não humaniza, não sensibiliza para com o respeito à diversidade, não ativa o pensamento crítico e reflexivo dos discentes e não atende aos interesses da comunidade e dos alunos em processo de aprendizagem e conhecimento.
Referência:
WIHBY, Alessandra; FAVARO, Neide de Almeida Lança Galvão; LIMA, Michelle Fernandes. Escola e os limites e possibilidades para a formação da consciência humana. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE PSICOLOGIA, 3; SEMANA DE PSICOLOGIA, 9. 2007, Maringá.
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