PUBLICAÇÃO DO ARTIGO "UNB, A REVOLUCIONÁRIA UNIVERSIDADE DE ANÍSIO E DARCY" NA EDIÇÃO ESPECIAL DA REVISTA NOSSA AMÉRICA DO MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA DE SÃO PAULO (HOMENAGEM AOS 100 ANOS DE DARCY RIBEIRO)*
Cem anos passam rápido? São tantos Darcys... Por onde anda o seu espírito? Na pequena Montes Claros (MG) até o ensino médio; em BH no curso de medicina (incompleto); em São Paulo estudando Ciências Sociais; nas aldeias Kadiwéu e Kaapor entendendo outras humanidades; no Rio de Janeiro tornando real o Parque Nacional do Xingu, no coração do país, e fundando o Museu do Índio; em Brasília criando a nova universidade e sonhando com outro Brasil. No Uruguai, no México, passando pelo Chile, Peru e Venezuela, formando um circuito intelectual que desemboca no Memorial da América Latina. Nos levantamentos etnográficos e nos estudos antropológicos, nos ensaios políticos e nas propostas educacionais, na literatura e nas confissões autobiográficas. São tantos os fazimentos de Darcys que a Revista Nossa América especial é apenas um fragmento de um universo em expansão que desafia e fecunda o nosso tempo.
A concepção de Anísio Teixeira sobre a universidade pública amplia a visão da incipiente tradição educacional brasileira, que a restringia ao agrupamento, num mesmo espaço físico, de vários cursos superiores dedicados exclusivamente à formação de graduados para o mercado de trabalho. A partir de Anísio, a universidade pública passa a ser compreendida como polo de irradiação científica, filosófica e cultural que possibilita o convívio, o intercâmbio de saberes e os estudos multidisciplinares entre docentes e discentes de diferentes áreas do conhecimento. Passa-se a priorizar também o aperfeiçoamento permanente do pessoal de nível superior em cursos de pós-graduação e na realização de pesquisas baseadas em análises, observações e experimentação de possíveis soluções para fatos e fenômenos relacionados à realidade contemporânea.
Anísio Teixeira teve uma oportunidade histórica de concretizar sua concepção para a universidade pública brasileira com a construção da nova capital federal durante o Governo Juscelino Kubitschek (1956-1960). Em outubro de 1959, na sede do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE), na cidade do Rio de Janeiro, um grupo de cientistas da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), intelectuais e educadores (entre os quais Darcy Ribeiro, Almeida Júnior, Jayme Abreu, Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Celso Furtado, Yedda Linhares, Faria Góes Sobrinho e Anísio Teixeira) iniciou sucessivas reuniões com o intuito de debater e propor o projeto de estruturação da nova universidade do país. Após a conclusão dos debates no CBPE, o projeto original da UnB foi entregue a uma comissão convocada pelo ministro da Educação e Cultura Clóvis Salgado. Em abril de 1960, o então professor assistente de Antropologia da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, Darcy Ribeiro, acompanhou Anísio Teixeira para apresentar o projeto ao presidente Juscelino Kubitschek, no recém-inaugurado Palácio do Planalto, em Brasília. JK foi convencido por Darcy e Anísio sobre a relevância de construir na nova capital uma universidade pública que representasse uma nova experiência na história da educação do país.
* O artigo está disponível na íntegra assim como esta importante publicação em homenagem aos 100 anos de Darcy Ribeiro em versão impressa e também em mídia eletrônica no seguinte endereço:
Referência:
PINTO, Jorge Eschriqui Vieira. UnB, a revolucionária universidade de Anísio e Darcy. In: Revista Nossa América - Memorial da América Latina, v. 60, p. 58-61, dez. 2022.
Comentários
Postar um comentário
Evitar comentários que: (1)sejam racistas, misóginos, homofóbicos ou xenófobos; (2) difundam a intolerância política; (3) atentem contra o Estado Democrático de Direito; e (4) violem a honra, dignidade e imagem de outras pessoas. Grato pela compreensão.