OS CONCEITOS DE AVALIAÇÃO E COMPETÊNCIA NOS PROGRAMAS CURRICULARES E EM OUTROS DOCUMENTOS OFICIAIS NO CAMPO EDUCACIONAL
Por JORGE ESCHRIQUI
Avaliar é aferir em que medida um processo ou um estado de coisas está de acordo com o planejado, esperado ou desejado. No caso da avaliação de competências, o foco está no desenvolvimento (processo) e na posse (estado de coisas), por parte dos alunos, das competências que a escola espera que aprendam. Em outras palavras, o foco está na comparação da efetiva aprendizagem dos alunos com as expectativas que a escola tem acerca dessa aprendizagem.
A principal dificuldade na avaliação de competências está no fato de que, muitas vezes, é difícil, ou até mesmo impossível, observar diretamente se um aluno está desenvolvendo ou já possui determinada competência, porque esta não é diretamente observável ou não é fácil observá-la. É relativamente fácil observar se uma pessoa possui a competência de andar de bicicleta. Todavia, a competência de dirigir um automóvel é mais complexa, requerendo mais observações por um período mais prolongado. Mais difícil é analisar se uma pessoa possui a competência de pensar criticamente. Nesse caso, procura-se definir operacionalmente a competência em questão (pensar criticamente) e especificar indicadores que apontem para o desenvolvimento ou para a posse dessa competência. Prováveis indicadores nesse caso seriam: (1) A capacidade de apresentar e analisar evidências e argumentos em favor de determinados pontos de vista ou contrários a eles e julgar seus méritos; (2) A capacidade de adotar ideias, atitudes e comportamentos que vão contra a corrente e de defendê-los diante de críticas; (3) A capacidade de não se deixar influenciar por propaganda comercial ou política, ou por outras tentativas de direcionamento de crenças, atitudes e comportamentos, de manipulação ou de proselitização.
Cada uma dessas capacidades seria um indicador parcial da posse ou do desenvolvimento da competência de pensar criticamente. O conjunto delas seria um indicador razoavelmente completo da competência.
Na Base Nacional Comum Curricular definem-se competências gerais ou essenciais desejadas a um aluno ao concluir cada uma das etapas da Educação Básica, e as competências específicas de cada área disciplinar, as quais possibilitam aos estudantes o reconhecimento dos saberes que facilitam uma compreensão da natureza e dos processos dessa disciplina, assim como uma atitude positiva face à atividade intelectual e ao trabalho prático que lhe são inerentes.
As competências são saberes que se desenvolvem na prática por meio de uma ação. O conhecimento só se transforma em competência se for mobilizado de forma inteligente ou adequada a diversas situações, pois a competência, uma vez adquirida, não é esquecida e nem perdida. Pelo contrário, pode ampliar-se e consolidar-se sempre. No caso dos conhecimentos inertes, como ficam inativos, apagam-se ou esquecem-se. Daí a necessidade da aprendizagem basear-se na ação, mas com sentido e finalidade.
Referência:
ROLDÃO, Maria do Céu. Gestão do currículo e avaliação de competências: as questões dos professores. 2. ed. Lisboa: Presença, 2004.
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