JOHN DEWEY, A PEDAGOGIA DE PROJETOS E A ESCOLA COMO PROCESSO DE VIDA*
A prática de Pedagogia de Projetos que hoje é tão difundida surgiu no início do século passado, graças às concepções do renomado educador norte-americano John Dewey. Por volta de 1904, ele já defendia que era de vital importância que a educação não se restringisse ao ensino do conhecimento como algo acabado, pois todo o saber e as habilidades que os alunos teriam que adquirir no período escolar, além de significativos, deveriam se integrar à sua vida como cidadão, pessoa, ser humano. De acordo com essa concepção, para colocar a teoria em prática, junto à esposa Alice, John Dewey implantou e dirigiu um laboratório-escola na Universidade de Chicago. Nele, desde cedo, crianças experimentavam e aprendiam conceitos de física e biologia, presenciando e executando uma série de processos, incluindo o preparo de lanches e de refeições, que eram feitos na própria classe. Aos poucos, enquanto suas ideias se tornavam bastante populares, alguns dos seus valores e premissas começaram a se difundir. Mas nunca eles foram integrados na totalidade nas escolas públicas norte-americanas. Anos depois, já no período de Guerra Fria, quando a maior preocupação norte- americana era a de criar e manter uma elite intelectual, científica e tecnológica para fins militares, suas concepções começaram a ser severamente criticadas, a ponto de serem deixadas de lado. Contudo, no período seguinte – que, por sua vez, é chamado pós-Guerra-Fria – seus preceitos sobre educação ressurgiram, evoluíram e influenciaram a reforma do sistema teórico de muitas escolas.
Atualmente, a escola visa formar cidadãos participativos na sociedade, mas para alcançar esse objetivo, de início, ela precisa desenvolver a autonomia nos alunos. Apesar de existir uma série de recursos que atende essa finalidade, entre eles se destaca a Pedagogia de Projetos, que é um instrumento de fácil operacionalização, cuja metodologia de trabalho tem por objetivo organizar a construção dos conhecimentos em torno de metas pré-definidas, de forma coletiva, entre alunos e educadores. Como recurso didático, o projeto se torna atraente porque, além de dar vida a um conteúdo, ele minimiza o papel do professor, enquanto valoriza o desejo dos alunos em aprender. Dessa forma, a atividade de cada criança também se torna determinante na construção do saber, que é edificado a partir da interação com os outros e com meio ao seu redor. Nesse contento, cabe ao educador apenas estimular, observar, mediar, criar situações de aprendizagem significativa e produzir perguntas pertinentes que façam os alunos pensarem a respeito do conhecimento que se espera construir.
Etapas de um projeto:
Intenção – na primeira etapa, o professor tem que organizar e estabelecer objetivos, de acordo com as necessidades de seus alunos para, depois, se instrumentalizar e problematizar o assunto, visando direcionar a curiosidade das crianças para a montagem do projeto.
Preparação e planejamento – na segunda fase, além de planejar o desenvolvimento do projeto em si, a partir das atividades principais e da coleta do material de pesquisa, ele deve definir o tempo de duração, as estratégias essenciais para realizá-lo e como se dará o encerramento dos estudos sobre o tema. Em paralelo, junto aos alunos, ele tem que elaborar um registro de conhecimentos prévios , de dúvidas, de questionamentos e de curiosidades . Em seguida, ainda se faz necessário determinar as fontes de pesquisas, nas quais será possível encontrar respostas aos questionamentos que se evidenciaram.
Desenvolvimento – na terceira fase, começa a realização das atividades planejadas, que deve contar com a participação ativa dos alunos. Como eles serão os verdadeiros sujeitos da produção do saber, lembre-se que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua construção. Por isso, também se torna imprescindível realizar, periodicamente, relatórios parciais orais ou escritos a fim de acompanhar o desenvolvimento do tema.
Apreciação final – na quarta fase, é necessário avaliar os trabalhos que foram programados e desenvolvidos, dando oportunidade ao aluno de verbalizar seus sentimentos sobre o desenrolar do projeto. Desse modo, a turma se organiza, constrói saberes e competências, opina, avalia e tira conclusões coletivamente. E é essa interação que promove o crescimento tanto no âmbito cognitivo quanto no social, afetivo e emocional.
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