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  NAVIO NEGREIRO - POEMA Por Antônio Francisco de CASTRO ALVES (Vila de Curralinho-BA, 1847 - Salvador-BA, 1871. Poeta dos escravos, escritor da Terceira Geração do Romantismo brasileiro e patrono da cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras) IV Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs! E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais ... Se o velho arqueja, se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais... Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrut...
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13 DE MAIO: CARTA DE LUIZ GAMA A LÚCIO DE MENDONÇA PUBLICADA EM ARTIGO NO JORNAL "O ESTADO DE SÃO PAULO" EM 1909* Por advogado negro e ex-escravo Dr. LUIZ Gonzaga Pinto da GAMA Muitos moços de hoje, já não sentem, nesta data, aquele nobre e saudável entusiasmo que inflamava a juventude de anos atrás. A escravidão que, há 21 anos, ainda nos envergonhava e que deixou na nossa sociedade sulcos infelizmente ainda não dissipados, parece, contudo, às gerações atuais, uma coisa fantástica ou por demais remota, uma lenda de muitos séculos. Por isso os nomes dos heróis do abolicionismo já não soam às multidões como *** de combate ou de triunfo e a sua efigie para muitos é desconhecida. Compete-nos, pois, recordar os grandes batalhadores da causa mais popular do Brasil e dentre eles escolhemos Luiz Gama, cujo retrato estampamos acima. Este negro admirável, que veio da humildade e conseguiu nessa capital uma popularidade ainda não excedida e conquistou a amizade dos prin...