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  NAVIO NEGREIRO - POEMA Por Antônio Francisco de CASTRO ALVES (Vila de Curralinho-BA, 1847 - Salvador-BA, 1871. Poeta dos escravos, escritor da Terceira Geração do Romantismo brasileiro e patrono da cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras) IV Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs! E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais ... Se o velho arqueja, se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais... Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrut...
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  A AUTOBIOGRAFIA DE UM ESCRITOR EX-ESCRAVO: MAHOMMAH GARDO BAQUAQUA (Para uma reflexão histórica sobre a luta e resistência da população negra contra o racismo e a escravidão na América e, em especial, no Brasil) A autobiografia de Mahommah Gardo Baquaqua é um importante documento histórico sobre a luta e resistência da população negra contra o racismo e a escravidão no continente americano e, em especial, no Brasil, no século XIX. Trata-se de um dos poucos homens que deixou registro escrito de sua vida como escravo e de como se libertou. Em seu livro de memórias, Mahommah declara ter nascido na cidade de Djougou, em Benin, que era um importante mercado de escravos na África Ocidental. Em 1845, capturado pelo exército Ashante, foi vendido a traficantes brasileiros. Chegou ao Estado de Pernambuco, onde foi batizado com o nome de José e vendido a um padeiro, que o descrevia como um "patife com feições humanas". Segundo o relato de Mahommah, depois de muitas surras e chic...