Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Poema
Imagem
  OS MISERÁVEIS - Poema Por SÉRGIO VAZ [Ladainha - MG, 1964. Poeta da periferia e fundador da Cooperativa Cultural da Periferia (COOPERIFA) em Taboão da Serra - SP e organizador da Semana de Arte Moderna da Periferia] Vítor nasceu… no Jardim das Margaridas. Erva daninha, nunca teve primavera. Cresceu sem pai, sem mãe, sem norte, sem seta. Pés no chão, nunca teve bicicleta. Já Hugo, não nasceu, estreou. Pele branquinha, nunca teve inverno. Tinha pai, tinha mãe, caderno e fada madrinha. Vítor virou ladrão, Hugo salafrário. Um roubava pro pão, o outro, pra reforçar o salário. Um usava capuz, o outro, gravata. Um roubava na luz, o outro, em noite de serenata. Um vivia de cativeiro, o outro, de negócio. Um não tinha amigo: parceiro. O outro, tinha sócio. Retrato falado, Vítor tinha a cara na notícia, enquanto Hugo fazia pose pra revista. O da pólvora apodrece penitente, o da caneta enriquece impunemente. A um, só resta virar crente, o outro, é candidato a presidente.
Imagem
  NAVIO NEGREIRO - POEMA Por Antônio Francisco de CASTRO ALVES (Vila de Curralinho-BA, 1847 - Salvador-BA, 1871. Poeta dos escravos, escritor da Terceira Geração do Romantismo brasileiro e patrono da cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras) IV Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs! E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais ... Se o velho arqueja, se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais... Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrut...
Imagem
  NO CAMINHO, COM MAIAKÓVSKI (Poema para uma reflexão sobre a tragédia brasileira da extrema-direita com os seus ataques à Democracia e aos Direitos Humanos) Por EDUARDO ALVES DA COSTA (Niterói-RJ, 1936. Escritor e poeta brasileiro) O poema "No caminho, com Maiakóvski" foi escrito na década de 1960 como como manifestação de revolta à intolerância e violência impostas pelo regime militar. Inicialmente, o texto foi envolvido em uma série de equívocos quanto à atribuição de autoria. Para alguns, o texto era do poeta russo Vladimir Maiakóvski. Para outros, o verdadeiro autor era o dramaturgo alemão Bertold Brecht. Durante a campanha das Diretas Já, o poema virou símbolo na luta contra a ditadura, aparecendo em camisetas, pôsteres, cartões postais, sendo quase sempre associado ao poeta russo ou ao dramaturgo alemão. De acordo com Eduardo Alves da Costa, o engano surgiu na década de 1970, quando o psicanalista Roberto Freire incluiu em um de seus livros o poema, dando créd...
Imagem
  MÃE (Poema em Homenagem às Mães) Por JORGE ESCHRIQUI Feminina - Rocha Fenda - Fonte D´olhos D´água Retente Sorriso d´alma Porta do infinito Mulher-milagre ventre Vitral de luz Casa da memória Cesareias liberdade O amanhã sorrirá Do passado Beijando vida Que vidou em nós Mãe ou professoras Exílios fotográficos-tempo Revelação-genético Rosto sudário De todas as Marias Em récitas ladainhas Pranto singular Patrimônio comum Dos nossos sonhos Mãe Dadivosa razão da vida. Imagem: Pintura "Mãe e Filho" de Christian Krohg.
Imagem
  O PROFESSOR - Poema Por CORA CORALINA (Pseudônimo de Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas. Cidade de Goiás,1889-1985. Doceira e poetisa) Professor, "sois o sal da terra e a luz do mundo". Sem vós tudo seria baço e a terra escura. Professor, faze de tua cadeira, a cátedra de um mestre. Se souberes elevar teu magistério, ele te elevará à magnificência. Tu és um jovem, sê, com o tempo e competência, um excelente mestre. Meu jovem Professor, quem mais ensina e quem mais aprende?… O professor ou o aluno? De quem maior responsabilidade na classe, do professor ou do aluno? Professor, sê um mestre. Há uma diferença sutil entre este e aquele. Este leciona e vai prestes a outros afazeres. Aquele mestreia e ajuda seus discípulos. O professor tem uma tabela a que se apega. O mestre excede a qualquer tabela e é sempre mestre. Feliz é o professor que aprende ensinando.
Imagem
"DITO NO PACAEMBU": UM POEMA PARA LUÍS CARLOS PRESTES, O CAVALEIRO DA ESPERANÇA... Por PABLO NERUDA, pseudônimo de Ricardo Eliécer Neftali Reyes (Parral-Chile, 1904 - Santiago-Chile, 1973. Poeta. Um dos importantes escritores em língua castelhana. Recebeu o Premio Nobel de Literatura em 1971. Em 15 de julho de 1945, quando o Estádio do Pacaembu, em São Paulo, recebeu 100 mil pessoas no comício em homenagem a Luís Carlos Prestes, o artista chileno esteve presente e leu ao público seu poema dedicado ao amigo brasileiro. Em 1950, a poesia, batizada de "Dito no Pacaembu", foi publicada no livro "Canto Geral"). "Quantas coisas quisera hoje dizer, brasileiros, quantas histórias, lutas, desenganos, vitórias, que levei anos e anos no coração para dizer-vos, pensamentos e saudações. Saudações das neves andinas, saudações do Oceano Pacífico, palavras que me disseram ao passar os operários, os mineiros, os pedreiros, todos os povoadores de minha pátria longí...