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  MORRER SEM MORRER DEVERAS Por Antônio Gonçalves da Silva (PATATIVA DO ASSARÉ) Do meu fúnebre caixão, Sem soluços nem gemidos, Eu subi para a Mansão Da Pátria dos Escolhidos, Alegre me receberam E uma festa promoveram, Eu fiquei muito feliz, Vivo a recordar ainda, Foi a viagem mais linda Que na minha vida eu fiz. Disseram vendo o troféu Que a natureza me deu: Vamos ter festa no céu, O Patativa morreu! São Pedro Muito Sapeca Foi trazer sua rabeca E no arco passando breu, Cantou com voz compassiva: Viva, viva o Patativa, Ele é um colega meu. Na recepção imensa De rabeca e cantoria, Chegou em nossa presença Castro Alves da Bahia, Com muita satisfação Apertou a minha mão E me disse com amor: Sei tudo que aconteceu, Lá na Terra onde viveu Foi poeta e professor. Lá na Terra de Iracema Com a sua poesia, Abordou o mesmo tema Que eu abordei na Bahia, Foi grande amigo do povo Preto, branco, velho e novo, Com sextilhas e sonetos E num esforço varonil Foi defensor do Brasil Dos pobres, bra...
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  AUTO DE NATAL "MORTE E VIDA SEVERINA" (Mensagem de Natal para a reflexão sobre o verdadeiro sentido da data. Leiam calmamente cada trecho que escolhi do livro e reflitam como nascem em todos os cantos do Brasil um menino Jesus diariamente apesar dos desafios da vida. Natal é a celebração do recomeçar do ciclo da vida com novas esperanças!) Por JOÃO CABRAL DE MELO NETO (1) APROXIMA-SE DO RETIRANTE O MORADOR DE UM DOS MOCAMBOS QUE EXISTEM ENTRE O CAIS E A ÁGUA DO RIO: — Severino, retirante, o meu amigo é bem moço; sei que a miséria é mar largo, não é como qualquer poço: mas sei que para cruzá-la vale bem qualquer esforço. — Seu José, mestre carpina, e quando é fundo o perau? Quando a força que morreu nem tem onde se enterrar, por que ao puxão das águas não é melhor se entregar? — Severino, retirante, o mar de nossa conversa precisa ser combatido, sempre, de qualquer maneira, porque senão ele alarga e devasta a terra inteira. — Seu José, mestre carpina, e e...
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  POEMA "AOS POETAS CLÁSSICOS": "É MELHOR ESCREVER ERRADO A COISA CERTA DO QUE ESCREVER CERTO A COISA ERRADA" Por PATATIVA DO ASSARÉ Poetas niversitário, Poetas de Cademia, De rico vocabularo Cheio de mitologia; Se a gente canta o que pensa, Eu quero pedir licença, Pois mesmo sem português Neste livrinho apresento O prazê e o sofrimento De um poeta camponês. Eu nasci aqui no mato, Vivi sempre a trabaiá, Neste meu pobre recato, Eu não pude estudá. No verdô de minha idade, Só tive a felicidade De dá um pequeno insaio In dois livro do iscritô, O famoso professô Filisberto de Carvaio. No premêro livro havia Belas figuras na capa, E no começo se lia: A pá — O dedo do Papa, Papa, pia, dedo, dado, Pua, o pote de melado, Dá-me o dado, a fera é má E tantas coisa bonita, Qui o meu coração parpita Quando eu pego a rescordá. Foi os livro de valô Mais maió que vi no mundo, Apenas daquele autô Li o premêro e...