O DESAFIO DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL E DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA A PARTIR DOS PROGRAMAS CURRICULARES ATUAIS
Por JORGE ESCHRIQUI
O problema de vários planejamentos é que muitas vezes a ênfase recai sobre o conteúdo que o professor vai ensinar, deixando-se num segundo plano as experiências que o aluno deve viver em sala de aula, aprendendo de forma ativa e criativa para que desenvolva sua pessoa integralmente. Essa deformação deve-se ao fato de que os professores são geralmente especialistas numa determinada matéria e a concentração na área de conhecimento que dominam lhes faz esquecer outros aspectos do processo educacional. Em termos curriculares, isso se traduz em disciplinas escolares sobrecarregadas de conteúdos, sacrificando-se o docente em decorrência da relação tempo de aula-grade curricular-matérias o importante aspecto da diversidade que representa o grupo humano e as diferenças no ritmo de aprendizagem entre turmas e alunos.
O resultado é que o processo de ensino dos conteúdos curriculares torna-se muito rígido e inflexível, pois o professor sente-se muitas vezes constrangido a “passar” todo o conteúdo estabelecido pelos programas curriculares para uma/um série/ano sem ter em mente as mudanças que se operam em seus alunos e nem pensar na possibilidade de organizar atividades que permitam lhes permitam desenvolver maiores níveis de aprendizagem. Em outras palavras, é comum se sacrificar a qualidade da aprendizagem devido a uma pressão para se trabalhar diversos conteúdos de uma disciplina numa/num determinada (o) série/ano, conforme é estabelecido pelos cronogramas de vários programas curriculares. Dessa maneira, o professor vê-se obrigado a renunciar ao seu papel de orientador do processo de mudança de seus alunos e estes à sua condição de agentes ativos e criadores. A aprendizagem converte-se, na maioria das vezes, em memorização e num processo repetitivo de informações desvitalizadas, sem sentido e nem valor formativo para os estudantes.
Mediante essas considerações, nota-se que é fundamental uma reflexão sobre a necessidade da busca de alternativas para o planejamento de ensino. Algumas possíveis sugestões de procedimentos para um planejamento que torne possível uma aprendizagem significativa, sem que, por isso, o professor deixe de abordar os diversos conteúdos estabelecidos pelos programas curriculares para uma/um série/ano são, de acordo com Ruan Díaz Bordonave e Adair Martins Ferreira:
* Identificar as experiências que o aluno deve viver para dominar os conteúdos, as competências e as habilidades determinados. Entende-se por “experiências” os conhecimentos e as situações a que o estudante será exposto para que aprenda a dominar os conteúdos, as competências e as habilidades de forma inteligente e pessoal. A identificação das experiências que o aluno deve viver é importante para orientar o professor na escolha de atividades de ensino;
* Selecionar atividades de ensino. Uma vez que o professor saiba o tipo de conhecimentos que o aluno deve assimilar e o tipo de situações que deve experimentar, é natural que se preocupe por achar a melhor maneira de fornecer oportunidades para que o aluno viva aquelas experiências. Alguns pontos devem ser comtemplados durante a escolha de atividades no planejamento: (1) A necessidade de que o aluno tenha alguma participação ativa no processo de ensino-aprendizagem. A aprendizagem realiza-se por meio da conduta ativa do estudante que aprende mediante o que ele fez e não o que faz o professor; (2) A formulação de critérios de escolha: a escolha de atividades está ligada a diversos pontos de vista, todos pedagogicamente importantes; (3) Cada atividade tem um potencial didático diferente, bem como limitações específicas. Junto a isso está também a possibilidade de combinar atividades de forma que se complementem umas com as outras, ou seja, o potencial de uma compensando as limitações de outras; (4) Não é possível oferecer “receitas didáticas” como quem entrega uma receita de cozinha. A razão: os ingredientes são muitos e variam a cada situação de ensino-aprendizagem, além de variar a personalidade do professor e as características dos alunos;
* Determinar a forma de avaliar o domínio inteligente dos conteúdos, das competências e das habilidades pelos alunos (realimentação). O ensino não consiste apenas na exposição do estudante a conhecimentos e situações, mas também no controle da aprendizagem dos conteúdos, das competências e das habilidades necessários.
Não é possível oferecer receitas aos professores sobre práticas pedagógicas e atividades de ensino, pois os conteúdos curriculares de cada disciplina, as características da clientela discente e a realidade da comunidade local e escolar influenciam diretamente no planejamento escolar e no trabalho docente. Contudo, podem-se citar alguns subsídios teórico-práticos importantes que permitem analisar algumas bases para a escolha de atividades de ensino: (1) Os objetivos educacionais e a estrutura do assunto a ser ensinado determinam o tipo de atividade; (2) As características próprias das atividades de ensino determinam sua escolha; (3) A etapa no processo de ensino determina o tipo de atividade mais indicado; (4) O tempo e as facilidades físicas disponíveis influenciam na escolha das atividades de ensino.
Cabem aos educadores a decisão e articulação referente ao desenvolvimento das atividades a serem propostas com o conteúdo curricular e os aspectos relacionados anteriormente, sem se esquecer do objetivo primeiro que é a consolidação dos saberes pelos discentes.
Referência Bibliográfica:
BORDENAVE, Juan Díaz; FERREIRA, Adair Martins. Estratégias de ensino-aprendizagem. 26. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
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