A AVALIAÇÃO CRITERIAL OU REFERENCIADA EM COMPETÊNCIAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Por JORGE ESCHRIQUI
Na literatura sobre avaliação há duas formas básicas de análise: referenciadas em normas e referenciadas em critérios. Enquanto na primeira abordagem os resultados dos alunos são comparados entre si, pois o que importa é o desempenho do grupo, por outro lado, na segunda, o que se busca é determinar até que ponto cada pessoa alcançou as competências definidas.
A abordagem mais adequada para a educação é a referenciada em critérios, uma vez que pode desempenha um papel importante no acompanhamento do educando. Ela favorece o diálogo do docente com o discente a respeito dos conhecimentos e habilidades que estão sendo construídos. Ao estudante, essa análise serve como guia de melhoria de suas formas de pensar. Ao professor, serve como indicador de eventuais problemas curriculares em todos os seus aspectos: objetivos, conteúdos, estratégias, desempenho docente e as próprias formas de avaliação da aprendizagem.
A avaliação criterial permite aos sistemas educativos exercer uma função formativa da avaliação, com a ressalva, porém, de que não se constitui numa tarefa simples. Ela depende de uma análise das ações realizadas pelas pessoas, refletidas em objetivos de aprendizagem.
De acordo com Almerindo Janela Afonso em “Avaliação educacional: regulação e emancipação”, a avaliação criterial num nível micro pedagógico relaciona-se com o grau de consecução dos objetivos gerais e específicos de cada disciplina e em nível macro com o grau de consecução dos objetivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
A seleção de instrumentos e técnicas de avaliação deve considerar as competências desejadas. Nesse sentido, é importante se pensar numa conjugação de instrumentos que permitam captar melhor as diversas dimensões dos domínios das competências (conhecimentos, habilidades, atitudes).
Entre possíveis instrumentos e técnicas de avaliação a serem pensados e implantados em sala de aula, pode-se citar o desenvolvimento de projetos, a análise de casos, provas operatórias e portfólios.
(1) Desenvolvimento de projetos:
Os projetos são instrumentos úteis para avaliar a aprendizagem na educação, uma vez que permitem verificar as capacidades de representar objetivos a alcançar, caracterizar propriedades daquilo que será trabalhado, antecipar resultados intermediários e finais, escolher estratégias mais adequadas para a resolução de um problema, executar ações para alcançar processos e resultados específicos, avaliar condições para a resolução do problema e seguir critérios preestabelecidos.
O projeto pode ser proposto para ser realizado individualmente e em equipes. Nos projetos em equipe, além das capacidades já descritas, pode-se verificar também a presença de algumas atitudes, como por exemplo, o respeito e a capacidade de ouvir, de tomar decisões em conjunto e de solidariedade. O projeto deve prever que o aluno se transforme em agente multiplicador, disseminando informações, agindo em conjunto com outras pessoas da comunidade e auxiliando na resolução de problemas comuns. Contudo, é importante destacar que todo projeto demanda uma preparação para que possa se desenvolver. É necessária também a realização de uma avaliação do que se conseguiu em termos de projeto desenvolvido após algum tempo, confirmando-se hipóteses e refutando-se outras.
(2) Análise de casos:
Essa técnica envolve a articulação de conhecimentos na descrição e prescrição de casos. Os casos são desencadeadores de um processo de pensar, fomentador da dúvida, do levantamento, da comprovação de hipóteses, do pensamento inferencial, do pensamento divergente, entre outros. O uso de tarefas derivadas de casos reais é muito importante para a aprendizagem dos conteúdos teóricos abordados em sala de aula e presentes nos programas curriculares, uma vez que traz maior significado para o saber escolar (aprendizagem significativa).
(3) Prova operatória:
É um instrumento avaliativo que permite certificar a capacidade adquirida pelos estudantes de operar com os conteúdos aprendidos. Para Paulo Afonso Caruso Ronca e Cleide do Amaral Terzi em “A prova operatória: contribuições da psicologia do desenvolvimento”, esse tipo de prova tem o mérito de romper com as clássicas maneiras de avaliar, bloqueando o ciclo imutável do certo e errado. Essa prova tem a intenção de orientar passo a passo o aluno, deixando sempre explícitos os objetivos das questões que não são apresentadas de maneira isolada, fragmentada. As questões propiciam ao aluno que deixe de lado a memorização e comece a estabelecer relações com base em fatos, fenômenos, ideias, percebendo que nada disso ocorre isoladamente. Na prova operatória, os problemas devem ter relação direta com o conteúdo estudado, sendo que esse conteúdo não é um fim em si mesmo, mas uma ponte para pensar e operar. Dessa maneira, há uma grande distância entre decorar um conteúdo e compreender o significado dele para a vida.
(4) Portfólio:
Trata-se de um instrumento avaliativo que compreende a compilação dos trabalhos realizados por um aluno (resumos, projetos, anotações diversas, textos auto reflexivos, etc.). O importante é que seja construído pelo próprio discente com a finalidade principal de servir de apoio para que ele e o professor possam juntos analisar continuamente o seu aprendizado e o desenvolvimento de competências, refletindo sobre o processo de ensino-aprendizagem, melhorando-o.
Referências:
AFONSO, Almerindo Janela. Avaliação educacional: regulação e emancipação. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
RONCA, Paulo Afonso Caruso; TERZI, Cleide do Amaral. A Prova Operatória: contribuições da Psicologia do Desenvolvimento. 40. ed. São Paulo: Questão Demais, 2018.
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