O QUE SERIA UMA ESCOLA FEITA PARA OS JOVENS?

Por JORGE ESCHRIQUI
Uma escola feita para os jovens seria aquele espaço social capaz de cumprir realmente a sua função de agente de intervenção na sociedade. Deveria ser aquela instituição na qual o Projeto Político Pedagógico e a cultura escolar fossem balizados pela definição e clareza dos objetivos da proposta de ensino e aprendizagem, tendo como preocupação crucial sempre o desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor dos alunos.
A escola deveria ser aquele lugar que oportunizasse às novas gerações um processo de socialização por meio da convivência respeitosa e altruísta com a diversidade étnico-racial, de gênero, socioeconômica, religiosa, política e cultura que caracteriza historicamente a população brasileira. Pensando-se e implantando-se no país instituições de ensino pautadas por uma educação inclusiva, estes importantes espaços de socialização seriam capazes de aceitarem e valorizarem os elementos específicos que compõem a personalidade de cada indivíduo, sem deixarem, porém, de difundir na juventude os conhecimentos, os valores e as atitudes que constituem o legado cultural da civilização ocidental - incluso aí a cultura da sociedade brasileira - como um fator essencial para a construção de memórias e identidades por meio do sentimento de acolhimento e pertencimento a um grupo, um local, uma região e uma nação.
A escola ideal para os jovens deveria ser uma instituição social com um objetivo bem explícito: o desenvolvimento das potencialidades dos estudantes por meio da aprendizagem de conteúdos, competências, habilidades, atitudes e valores, o que ocorreria sempre de forma significativa (contextualizada). Dessa maneira, o meio se tornaria em um importante fator de formação do indivíduo com o seu permanente estudo em sala de aula e, a partir do despertar de um pensamento crítico e reflexivo, simultaneamente, preparar-se-ia as novas gerações para o papel de sujeitos ativos, conscientes e transformadores da realidade. Isso demandaria um esforço para a constituição de escolas que não fossem apenas espaços físicos para encontros, conversas, amizades e namoros entre os jovens, mas também locais de descobertas e acessos a novos saberes e conhecimentos de forma prazerosa e funcional.
Em outras palavras, as instituições de ensino deveriam oferecer situações que favorecessem efetivamente o aprendizado para a juventude, onde se despertasse nela o ímpeto e a consciência da importância do processo de ensino e aprendizagem para o seu futuro. A escola ideal para os jovens deveria preparar-se para saber lidar com pessoas, valores, tradições, crenças, opções, etc. Afinal, os estudantes trazem consigo uma bagagem de vida constituída por saberes prévios, experiências e formação resultante da convivência em outros espaços sociais como a família e a comunidade local.
No que diz respeito à família, seria imprescindível a elaboração e a adoção de políticas e ações de fortalecimento dos laços desta instituição social com a escola. Infelizmente se carece ainda muito de uma parceria entre a instituição de ensino e os pais e/ou responsáveis, o que pode ser explicado pela dificuldade da escola em promover ações que transformem aqueles em aliados e não rivais e pela ausência de maior conscientização das famílias quanto à necessidade da sua inclusão no processo de ensino e aprendizagem dos filhos independentemente do seu nível de escolaridade. É inconcebível que um país que pretenda priorizar a Educação como um caminho obrigatoriamente a percorrer para a formação de indivíduos para o exercício da cidadania, o despertar nas novas gerações de uma cultura política democrática e a capacitação de mão-de-obra que possam contribuir para o desenvolvimento nacional, a existência de escolas com aulas sem atrativos para os jovens, professores cansados e desmotivados e com falta de unidade de propostas e objetivos entre coordenadores e gestores. A escola ideal para a juventude brasileira deveria ser aquela instituição que proporcionasse uma prática lúdica em sintonia com o mundo atual, considerando-se os projetos educativos também como ferramentas didáticas para cultivar nos estudantes a ideia de que eles são sujeitos ativos no processo de construção do conhecimento.
Enfim, a escola ideal para os jovens seria um espaço social que propiciasse um ensino em tempo integral voltado para a formação que unisse os conhecimentos provenientes da educação propedêutica das disciplinas curriculares tradicionais, os saberes resultantes da educação técnico-profissional (integrando os conhecimentos teóricos sobre filosofia, ciência e técnica à prática do aprendizado de ofícios, dando um caráter significativo aos conteúdos aprendidos em sala de aula) e o cultivo do corpo e da mente através de práticas esportivas, do ensino de línguas estrangeiras e do trabalho didático com as diversas formas de expressão artística (artes plásticas, teatro, cinema, dança e música).



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