A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA

(Pedagogia e pedagogos, para quê?)

Por JORGE ESCHRIQUI
A escola é uma instituição social que tem o objetivo de promover o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos por meio da aprendizagem dos conteúdos (conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes e valores). Tal aprendizado deve acontecer de maneira contextualizada para que possa desenvolver nos discentes a capacidade de se tornarem cidadãos participativos na sociedade em que vivem.
O grande desafio das instituições de ensino é fazer do ambiente escolar um meio que favoreça o aprendizado, onde a escola deixe de ser apenas um ponto de encontro e passe a ser, ademais, o espaço social de conexão entre o saber e a descoberta de novos conhecimentos de forma prazerosa e funcional. Conforme José Carlos Libâneo, a educação de qualidade é aquela mediante a qual a escola promove, para todos, o domínio dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos.
Muitas vezes os jovens não possuem perspectivas definidas quanto à seriedade e importância dos estudos para as suas vidas profissional, emocional e afetiva. A maioria não tem hábito de leitura, frequenta pouquíssimo a biblioteca (quando existe ou é disponível na escola ou mesmo na localidade), outros nunca vão lá. Na verdade, a escola é um local onde se encontram, conversam e até namoram. Há ainda a questão de que a família, em muitos casos, raramente se faz presente na instituição de ensino, o que pode ser motivado, por exemplo, pela inexistência de uma parceria entre escola e família de modo que traga os pais ou responsáveis para serem aliados e não rivais e pela falta de conscientização por parte de familiares quanto à importância de estarem incluídos no processo de ensino-aprendizagem independentemente do nível de escolaridade deles.
Políticas que fortaleçam laços entre comunidade e escola é uma medida ou um caminho que necessita ser trilhado para que se possa alcançar melhores resultados. O aluno é parte da escola, é sujeito que aprende, constrói seu saber e direciona seu projeto de vida. Portanto, a escola lida com pessoas, valores, tradições, crenças, opções e precisa estar preparada para enfrentar tudo isso.
A escola deve oferecer situações que favoreçam o aprendizado, onde haja sede em aprender e também entendimento da importância da aprendizagem para o futuro do aluno. Infelizmente, a maioria das aulas são totalmente sem atrativos. Por diversos motivos sociais, institucionais e financeiros, os professores chegam à sala cansados e desmotivados. Por sua vez, os estudantes não se sentem atraídos para uma participação, uma vez que o processo de ensino-aprendizagem não os desafia a quererem aprender. Às vezes também se nota a ausência de uma unidade de propostas e objetivos entre os coordenadores e o gestor da unidade escolar, como se as duas partes não falassem a mesma linguagem. O resultado é muito negativo e afeta diretamente também a qualidade do ensino.
O bom desenvolvimento das atribuições do coordenador pedagógico tem grande relevância, pois a ele cabe organizar o tempo na escola para que os professores façam os seus planejamentos e atuar como formador de fato (sugerindo, orientando, avaliando os pontos positivos e negativos e nunca se esquecendo de reconhecer, elogiar, estimular o docente a ir em frente e sempre querer melhorar). É fundamental também que os coordenadores promovam momentos de trocas de experiências e reflexão sobre a prática pedagógica, o que trará bons resultados na resolução de problemas cotidianos.
Por outro lado, o desenvolvimento das atribuições do gestor é um componente crucial também para a qualidade do ensino. Ele necessita ter um posicionamento crítico-social, com visão de empreendimento, para que a escola acompanhe as inovações, conciliar o conhecimento técnico à arte de disseminar ideias, possuir bons relacionamentos interpessoais e, sobretudo, ser ético e democrático.
Partindo-se do pressuposto de que a escola visa explicitamente à socialização do sujeito, é necessário que se adote uma prática docente lúdica, uma vez que ela precisa estar em sintonia com o mundo. A mídia oferece informação e dinamismo, mas a escola deve fornecer, além disso, o capacidade crítico-reflexiva para a análise dessas informações e a consciência e o posicionamento enquanto agente histórico e cidadão transformador da realidade.
Considerando a leitura, a pesquisa e o planejamento como ferramentas básicas para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico eficaz, o professor deve valorizar as teses dos alunos, cultivando neles a autonomia e autoestima, o que consequentemente os fará ter interesse pelas aulas. Desse modo, o espaço escolar deixará de ser apenas um ponto de encontro para ser também um lugar de crescimento intelectual e pessoal. Concluindo, uma escola voltada para o pleno desenvolvimento do educando valoriza a transmissão do conhecimento, mas também enfatiza outros aspectos como as formas de convivência entre as pessoas, o respeito às diferenças e a cultura escolar.
Referência:
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 8. ed. São Paulo: Cortez, 2005.



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