A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA E A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A INSERÇÃO DO BRASIL NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

Por JORGE ESCHRIQUI
A Educação à Distância é uma modalidade de ensino que possibilita a democratização do conhecimento porque é caracterizada, dentre outros fatores, pela flexibilidade de horário para a realização das atividades pedagógicas, pela redução dos custos com matrícula e mensalidade dos cursos, pelo estudo realização no local mais conveniente para o aluno, pelas metas de atendimento em grande escala, pelo uso de tecnologias variadas, sem que necessariamente tais aspectos impliquem em diferenças na qualidade do processo de ensino e aprendizagem se comparada com cursos presenciais. Pelo contrário, o adequado desenho educacional e a organização do trabalho pedagógico podem resultar em uma qualidade do ensino igual ou superior a de um curso presencial, criando-se as condições para que o professor seja um fomentador do desenvolvimento cognitivo do aluno e este se constitua em um agente ativo na construção do seu conhecimento.
Em um país marcado por profundas desigualdades sociais que se refletem nas dificuldades de inserção e permanência, principalmente, em cursos de graduação, a Educação à Distância, quando pensada crítica, reflexiva e seriamente, pode ser um importante instrumento de democratização das oportunidades de ascensão social, tornando menos restritos os meios de acesso à educação. Ao contrário de certos preconceitos ainda presentes na sociedade em relação à EaD, o estímulo à implantação e expansão de polos de instituições que adotem esta modalidade de ensino (levando-se em consideração aspectos como a criação de cursos de acordo com as potencialidades econômicas e carências de mão-de-obra capacitada de cada região, a escassez ou ausência de interesses para o estabelecimento de cursos de ensino superior presenciais e o controle e a rigidez pelo Poder Público nos mecanismos e instrumentos de avaliação da qualidade do ensino ofertado) pode ser fator contribuinte e relevante para a transformação do Brasil por meio da educação.
Esta transformação se faz imprescindível diante de um cenário internacional caracterizado pela sociedade do conhecimento que demanda mão-de-obra qualificada para ofícios cada vez menos mecânicos e repetitivos - diferentemente do que ocorria na Segunda Revolução Industrial entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, quando o trabalho nos centros urbanos, sob a inspiração, sobretudo do fordismo e do taylorismo, realizava-se em linhas de produção nas fábricas e era marcado pelas longas e estafantes jornadas sob uma rígida supervisão, pela excessiva especialização funcional, pelo controle do tempo e dos movimentos dos operários, pela carência de qualificação profissional em decorrência das atividades repetitivas (transformação do homem em uma espécie de engrenagem das indústrias) e pela alienação sobre as outras etapas da produção. Na atualidade, as novas tecnologias, o aumento da competitividade por causa da integração das economias na Era da Globalização e o cenário de acentuadas e permanentes transformações sociais, econômicas, políticas e científicas, exigem dos trabalhadores urbanos e rurais o aprendizado sobre o uso e a incorporação dos novos recursos tecnológicos aos seus ofícios, a adaptabilidade a uma realidade de constante mudança, a capacidade de pensar criticamente, refletir e buscar soluções em circunstâncias de crise e a criatividade para descobrir e/ou inventar novos recursos, meios ou bens que possam ser traduzidos em novos conhecimentos e melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Tais exigências demandam uma aprendizagem continuada ou a conscientização por parte dos trabalhadores de que a sua inserção e permanência no mercado de trabalho dependem de um processo de aprimoramento permanente sobre os novos saberes e informações, as tecnologias atuais, as profissões em ascensão e extinção e as exigências de capacitação pelos empregadores. Neste sentido, a Educação à Distância tem a vantagem de adaptar mais rapidamente as metodologias e os procedimentos de ensino, a estrutura física e o ambiente virtual de aprendizagem das instituições, o desenho educacional dos seus programas e cursos técnicos de nível médio, graduação e pós-graduação, os materiais didáticos e os instrumentos de avaliação aos anseios de aprendizado dos alunos e às demandas da economia e do mercado de trabalho. O momento atual exige um novo ser humano preparado para se integrar às redes de aprendizagens que caracterizam a sociedade atual. Diante da variedade de tecnologias cada vez mais acessíveis, a EaD pode perfeitamente contribuir para a estruturação e implementação de novas propostas pedagógicas na educação brasileira capazes de atender aos estudantes e às especificidades e necessidades do mercado de trabalho na economia globalizada.
A Educação à Distância pode e deve ser um importante recurso para facilitar o acesso de milhões de brasileiros a cursos técnicos de nível médio, graduação e pós-graduação, possibilitando-se a melhoria da qualidade da educação e o nível de escolaridade da população, a atualização dos trabalhadores tendo em vista as mudanças dos fundamentos, dos métodos e das técnicas profissionais em decorrência dos avanços tecnológicos, a requalificação profissional em função do surgimento de novos ofícios, o suprimento da carência de professores em muitas regiões do país, o atendimento de um maior número de estudantes dos mais longínquos rincões, desde que simultaneamente o Estado e a iniciativa privada em parceria desenvolvam uma política de inclusão digital em larga escala, e a ampliação do nível de conhecimento e capacidade crítico-reflexiva da população em termos social, ético, político, estético, econômico e cultural, contribuindo-se para a formação de cidadãos conscientes da sua parcela de responsabilidade pela transformação da realidade nacional.



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