HENRI WALLON E A PRESENÇA DO FATOR EMOCIONAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO ALUNO
Por JORGE ESCHRIQUI
Do mesmo modo que Lev Vygotsky, Henri Wallon acredita que fator social é determinante para o desenvolvimento humano. No início do desenvolvimento psíquico há uma preponderância do biológico e com o tempo é o social que adquire maior força. A cultura e a linguagem fornecem ao pensamento os elementos para a sua evolução.
Por se tratar de um teórico interacionista, Henri Wallon defende que as interações sociais da criança são essenciais para o desenvolvimento da pessoa. Contudo, tal desenvolvimento é marcado por estágios caracterizados por formas específicas de interação com o outro e conflitos internos. Aliás, para o autor, a criança é essencialmente emocional e gradualmente se constitui em um ser sócio cognitivo.
Embora proponha estágios de desenvolvimento, assim como Piaget, Wallon não é adepto da ideia de que a criança cresce de maneira linear, pois o desenvolvimento humano tem momentos de crise. O ser humano não é capaz de se desenvolver sem conflitos. Para Henry Wallon, os estágios de desenvolvimento são os seguintes: (1) Estágio impulsivo-emocional (até 1 ano): a criança interage com o meio regida pela afetividade. Esse estágio é caracterizado pela predominância da afetividade da criança em seu meio social. As emoções intermediam a relação com o mundo; (2) Estágio sensório-motor (de 1 a 3 anos): predominam as atividades de investigação, exploração e conhecimento do mundo social e físico e as relações cognitivas da criança com o meio; (3) Estágio do personalismo (de 3 a 6 anos): nesse estágio a criança está voltada novamente para si própria, colocando-se em oposição ao outro em um mecanismo de diferenciar-se. A criança, mediada pela fala e pelo domínio do “meu/minha”, faz com que as ideias atinjam o sentimento de propriedade das coisas. A tarefa central é o processo de formação da personalidade; (4) Estágio categorial (de 6 a 12 anos): a criança alcança avanços na inteligência devido à consolidação da função simbólica e à diferenciação da personalidade. Há a construção da consciência de si por meio das interações sociais; (5) Estágio da adolescência (a partir de 12 anos): o indivíduo volta-se para questões pessoais, morais e existenciais, predominando a afetividade.
A partir da observação destes estágios de desenvolvimento, Wallon concluiu que o ser humano é composto por três campos funcionais que são a afetividade (engloba as emoções, os sentimentos e o desejo), o fator motor (movimentos e expressões corporais que se relacionam com a atividade intelectual) e a inteligência (pensamento categorial que busca separar qualidade e objeto, permitindo a análise e a síntese, a generalização e a comparação, por meio do suporte fundamental da linguagem que exprime e estrutura o pensamento). No início, estes três campos encontram-se indiferenciados na pessoa, mas com o decorrer do desenvolvimento, adquirem independência. Ademais, a medida que ocorre o desenvolvimento psíquico por meio das interações sociais, o indivíduo consegue se diferenciar do outro, passando a ter uma identidade pessoal (consciência do “eu”).
Referência:
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 22 ed. Petrópolis: Vozes, 2008.
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