A SELEÇÃO E A ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS ESCOLARES
Os estudos da Didática contribuem com o professor, oferecendo possibilidades de escolher o que ensinar, para que o aluno aprenda e descubra como aprendeu. Esta é uma habilidade que requer conhecimento e um compromisso com a realidade do educando. Dessa maneira, o docente deve ter conhecimento do presente e perspectivas de futuro, tanto pessoal como dos discentes. Em hipótese alguma o educador pode se basear na ideia de que deve somente ensinar o que lhe ensinaram. É neste sentido que o curso de Graduação em Licenciatura (Pedagogia, Matemática, Geografia, etc.) é reconhecimento como a formação inicial do professor. Para permanecer planejando o ensino atualizado, contemporâneo e coerente com os seus discentes, faz-se necessária a continuação dos estudos por meio da formação continuada.
Quando se explica sobre o que se ensinar, faz-se referência aos conteúdos de ensino. A seleção dos conteúdos que farão parte do ensino é uma tomada de decisão carregada de intencionalidades. É da responsabilidade do professor escolher os conteúdos que desenvolverão aprendizagens nos alunos para que estes expliquem a realidade conscientemente. Deve-se ensinar o que é significativo sobre o mundo, a vida, a experiência existencial, as possibilidades de mudança, o trabalho, o passado, o presente e o futuro do ser humano.
1. O que são conteúdos de ensino?
Conteúdos de ensino são o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, valores e atitudes de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e a aplicação pelos alunos na sua vida cotidiana. Portanto, englobam conceitos, ideias; fatos; processos; modos de atividade; métodos de compreensão e aplicação; hábitos de estudos, de trabalho e de convivência social; valores; convicções; atitudes. São expressos nos programas oficiais, nos livros didáticos, nos planos de ensino e de aula, nas atitudes e convicções do professor, nos exercícios, nos métodos e na forma de organização do ensino. Os conteúdos retratam a experiência social da humanidade no que se refere a conhecimentos e métodos de ação, transformando-se em instrumentos pelos quais os educandos assimilam, compreendem e enfrentam as exigências teóricas e práticas da vida social. Constituem o objeto de mediação escolar no processo de ensino, no sentido de que a assimilação e compreensão dos conhecimentos e modos de ação se convertem em ideias sobre as propriedades e relações fundamentais da natureza e da sociedade, formando convicções e critérios de orientação das opções dos alunos frente às atividades teóricas e práticas postas pela vida social.
2. Como ocorre a escolha dos conteúdos escolares?
Os conteúdos juntos com a metodologia de ensino são responsáveis pela produção e elaboração das aprendizagens e dos saberes na escola. Escolher os conteúdos de ensino não é tarefa fácil. Por este motivo, quanto mais planejado, ordenado e esquematizado estiver, mais os alunos entenderão a sua importância social. Contudo, a seleção e a organização dos conteúdos não se confundem com uma mera listagem.
3. Qual é o papel do professor na seleção e organização dos conteúdos escolares?
Compete ao professor selecionar e organizar o conteúdo devidamente planejado para atender às necessidades dos seus alunos. Conteúdos de ensino bem selecionados devem atender aos critérios de validade, flexibilidade, significação e possibilidade de elaboração pessoal. Sem tais critérios, o docente corre o risco de escolher conteúdos irrelevantes para os seus discentes. Atendendo aos critérios, o conteúdo terá validade quando apresenta o caráter científico do conhecimento, e faz parte de um conhecimento que reflete os conceitos, as ideias e os métodos de uma ciência.
O conteúdo será significativo quando expressar coerentemente os objetivos sociais e pedagógicos da educação, atendendo à formação cultural e científica do educando. Tais objetivos não são rígidos, são flexíveis. O conteúdo do ensino está a serviço da aprendizagem dos estudantes, e estes o utilizam para explicar a sua realidade. Todo conteúdo de ensino deve ser articulado com a experiência social do aluno. Para que haja a possibilidade de elaboração pessoal e o domínio efetivo do conteúdo - conhecimento -, o ensino não pode se limitar à memorização e repetição de fórmulas e regras. Deve fundamentalmente possibilitar a compreensão teórica e prática por meio de conhecimentos e habilidades obtidos em situações concretas da vida cotidiana.
4. As três fontes para a seleção dos conteúdos de ensino e a organização das aulas:
O professor deve utilizar três fontes para selecionar os conteúdos de ensino e organizar as suas aulas: (a) a programação oficial, na qual são fixados os conteúdos de cada disciplina; (b) os próprios conhecimentos básicos das ciências transformados em matéria de ensino; (c) as exigências teóricas e práticas que surgem da experiência de vida dos alunos, tendo em vista o mundo do trabalho e a participação democrática na sociedade.
Referências:
BRUNER, Jerome. O processo da educação. Lisboa: Edições 70, 2015.
DEWEY, John. Vida e educação. 6. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1967.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
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