O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E A EDUCAÇÃO NACIONAL COMO POLÍTICA DE ESTADO

Por JORGE ESCHRIQUI
A educação no Brasil necessita ser pensada como uma política de Estado, o que implica na adoção de ações a médio e longo prazo independentemente do viés político-partidário do governo que esteja no poder nas esferas federal, estadual, distrital e municipal. Tais ações demandam um planejamento estratégico, isto é, devem ser o resultado de políticas públicas resultantes de diagnósticos sobre os problemas e os avanços observados na educação brasileira nas últimas décadas, de medidas baseadas em objetivos, metas e estratégias visando à melhoria da qualidade do ensino e no acompanhamento e na permanente revisão das políticas educacionais diante dos novos desafios impostos pelas constantes transformações pelas quais passam as sociedades contemporâneas no mundo globalizado.
O contexto histórico atual é caracterizado por uma maior competitividade explicada pelo aumento das trocas comerciais resultantes da maior integração entre mercados nacionais de diferentes partes do mundo, da formação de blocos econômicos e dos avanços nos transportes e nas comunicações. Neste mundo com economias cada vez mais interligadas, os investidores de diferentes nacionalidades buscam países que proporcionem garantia e rentabilidade para os seus investimentos, possuam certo grau de estabilidade política, econômica e social e mão-de-obra com um nível de qualificação desejado pelo mercado de trabalho globalizado. O último ponto implica, em linhas gerais, em um trabalhador que não apenas detenha o conhecimento suficiente para dominar a leitura, a escrita e o cálculo, afinal, este tipo de mão-de-obra é característica de uma fase da Revolução Industrial de princípios do século XX até a década de 1980 na qual predominava, sobretudo nas fábricas, uma produção que demandava apenas o saber estritamente técnico para manuseio das máquinas e o trabalho repetitivo e contínuo. O mercado de trabalho globalizado busca um trabalhador que não apenas possua os conhecimentos escolares básicos ou universitários de sua área de formação na graduação, mas acima de tudo tenha a capacidade de propor soluções criativas para as organizações onde trabalha diante de cenários de incertezas ocasionados por crises econômicas, esteja aberto a permanente capacitação profissional e disposto a aprender com as experiências proporcionadas pela vida nos diferentes ambientes sociais.
Diante de um contexto econômico e tecnológico dinâmico e com exigências cada vez maiores de qualificação para o ingresso no mercado de trabalho, como não pensar a educação no Brasil a partir de uma política de Estado baseada em um planejamento estratégico entendido enquanto um processo de gestão do sistema educacional que visa à formulação de ações, metas e estratégias com o objetivo da formação integral (física, emocional e intelectual) dos estudantes para o exercício da cidadania em um regime democrático e a inserção no mercado de trabalho, levando-se em consideração sempre a análise do ambiente nacional e internacional e o estabelecimento de parâmetros de qualidade do ensino a médio e longo prazo para o acompanhamento permanente da evolução da educação no país? Ademais, como se vive em um mundo com transformações sociais, econômicas e tecnológicas em um ritmo nunca observado antes na história da humanidade, a tendência é cada vez mais se exigir mais das instituições de ensino uma educação que forme indivíduos dinâmicos e preparados para a adaptação, a reflexão crítica e a proposição de soluções criativas para os desafios impostos por sociedades com crises e mudanças contínuas.
Desse modo, as políticas públicas e os documentos oficiais deverão também acompanhar este cenário dinâmico, devendo passar um processo de contínua revisão e atualização dos recursos, dos investimentos, dos princípios e objetivos gerais da educação nacional e das práticas didático-pedagógicas desenvolvidas nas redes de ensino, tomando-se como base os avanços e os retrocessos observados por meio das avaliações sistêmicas e as exigências do exercício efetivo da cidadania plena pelo regime democrático do país e de maior qualificação profissional pelo mercado de trabalho da economia mundial globalizada.
Referência:
PARENTE, José. Planejamento Estratégico na Educação. 2. ed. Brasília: Plano, 2003.



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