A DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA COMO PROJETO POLÍTICO-MILITAR PARA A ECONOMIA BRASILEIRA: “TOQUE A SUA BOIADA PARA O MAIOR PASTO DO MUNDO” ERA O LEMA DA SUDAM NA DITADURA CIVIL MILITAR
(Fatos históricos sobre o regime militar no Brasil de 1964 a 1985 que não devem ser esquecidos)
Por Maria Fernanda Garcia - Observatório do Terceiro Setor
"Toque sua boiada para o maior pasto do mundo", incentivava uma propaganda de 1972. "Na Amazônia a terra é barata e sua fazenda pode ter todo o pasto que os bois precisam", dizia a propaganda da época.
De caráter autoritário e nacionalista, a Ditadura Civil Militar no Brasil teve início em 1964, com o golpe militar que derrubou o governo de João Goulart, o então presidente democraticamente eleito no país. Apesar das promessas iniciais de uma intervenção breve, a Ditadura Militar durou 21 anos.
O governo federal, na época da ditadura, prometia incentivos fiscais e financiamento para quem levasse o gado para a região. Algumas propagandas da década de 1970 mostravam grande empenho de transformar a floresta em pasto para gado.
"Toque sua boiada para o maior pasto do mundo", incentivava uma propaganda de 1972. Adivinha qual era o maior pasto do mundo? O texto publicitário explicava: "Na Amazônia a terra é barata e sua fazenda pode ter todo o pasto que os bois precisam. Sem frio ou estiagem queimando o capim, o gado fica bonito de janeiro a dezembro".
Em outra propaganda, as empresas que faziam investimentos na região eram exaltadas. A peça mostrava a foto de um boi e dizia que era um "Volkswagen produzido na Amazônia". A empreiteira Camargo Corrêa também era citada como um exemplo de patriotismo por levar o desenvolvimento econômico para a região.
A Ditadura Militar no Brasil quase dizimou os indígenas waimiri atroari. De 1974 a 1983, grandes obras na Amazônia serviram de pretexto para o genocídio desse e de outros povos indígenas, por meio de bombardeios, chacinas e destruição de locais sagrados.
O genocídio dos waimiri atroari pela Ditadura Militar estendeu-se entre as décadas de 1960 e 1980, durante três grandes projetos dentro desta terra indígena (TI): a abertura da BR-174, a Manaus-Boa Vista; a construção da hidrelétrica de Balbina; e a atuação de mineradoras e garimpeiros interessados em explorar as jazidas em seu território. A Comissão Nacional da Verdade estima que ao menos 8.350 indígenas tenham sido assassinados entre 1946 e 1988. As investigações apontam dois períodos distintos em se tratando de violações aos povos indígenas. Antes de dezembro de 1968, os massacres se davam mais pela omissão do Estado. Após o Ato Institucional 5 (AI-5), o maior responsável pelos homicídios foi o regime militar.
Referência:
GARCIA, Maria Fernanda. Ditadura Militar no Brasil queria transformar Amazônia em pasto. Disponível em: https://observatorio3setor.org.br/.../ditadura-militar.../