A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR PARA O SUCESSO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Por JORGE ESCHRIQUI
O professor tem um papel importante na educação inclusiva, pois a sua atuação no processo de ensino e aprendizagem é fundamental para a formação dos estudantes para o exercício de uma cidadania que deve ser pautada no respeito e reconhecimento das diferenças entre os indivíduos. Isso demanda uma mudança de mentalidade e atitude por parte dos alunos, cujo principal aprendizado se dá por meio do exemplo proporcionado pelo docente em suas práticas pedagógicas cotidianas ao lidar com turmas com discentes de diferentes origens sociais, etnias, religiões e opções sexuais e que ainda podem apresentar deficiência visual, auditiva, intelectual e física. O exemplo propiciado pela mentalidade e comportamento do professor em sala de aula no sentido de favorecer a integração de todos os alunos indistintamente é fundamental para a convivência, o respeito e a valorização das diferenças por parte destes. Ao deixar de enxergar o estudante portador de deficiência como um indivíduo que apenas ocupa um espaço físico na sala de aula e incapaz de adquirir conhecimentos e desenvolver habilidades e competências como os demais alunos, respeitando os ritmos de aprendizagem e observando o potencial que o discente deficiente também possa vir a ter, o professor torna-se um sujeito importante para o sucesso da educação inclusiva ao tornar a sala de aula em um ambiente educativo que atenda a todos os educandos sem discriminar. Embora se saiba que infelizmente os deficientes ainda sofrem restrições ao exercício de vários dos seus direitos fundamentais, como de locomoção, acessibilidade, empregabilidade, etc., em decorrência da ausência de políticas públicas para a sua plena integração social e dos preconceitos ainda em voga na sociedade brasileira, o professor pode ter um papel relevante para reverter esse cenário, de acordo com Maria Teresa Eglér Mantoan na obra “Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer”, “ao inserir um aluno, ou um grupo de alunos, que já é excluído. O mote da inclusão é o de não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo da vida escolar” (MANTOAN, 2003, p. 24).
Em uma educação inclusiva, a prática docente pode transformar uma realidade caracterizada pela exclusão e criar várias possibilidades para a promoção de situações de aprendizagem em que todas as pessoas possam sentir-se inseridas no processo de ensino. O ponto de partida para essa prática é uma proposta pedagógica por parte do educador que ofereça a oportunidade de aprendizagem a todos os estudantes, isto é, que torne viável o acesso e a permanência de alunos deficientes e considerados “normais”. Tal atitude deve constituir uma cultura escolar no Brasil, uma vez que, segundo a Constituição Federal, no artigo 3º, inciso IV, um dos objetivos fundamentais da Educação é a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas de discriminação. Ademais, diz a Carta Magna, no artigo 206, inciso I, que um dos princípios da Educação deve ser a igualdade de condições de acesso e permanência na escola. A educação inclusiva também é abordada na Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB), quando no artigo 3º estabelece que o ensino deve ser ministrado com base no princípio do respeito à liberdade e apreço à tolerância.
A prática pedagógica necessita ser redirecionada no sentido de transpor as barreiras para a plena inclusão do portador de deficiência na sociedade nacional. Essa prática deve ter como fundamento o atendimento das diferenças no espaço escolar. A pedagogia adotada na escola inclusiva deve ser a pedagogia voltada às crianças e aos jovens considerados “normais” e aos deficientes em sua formação integral. O professor deve buscar uma reflexão sobre a sua prática, questionar a concepção pedagógica e verificar se as suas ações tomadas no ambiente da sala de aula estão voltadas para a diversidade. Isso é possível por meio de ações didáticas com relação aos estudantes com diferentes deficiências. Ao se deparar com um aluno com deficiência mental em uma sala de ensino regular, o docente pode utilizar alguns recursos da educação especial, adaptando-as ao processo de ensino em classes regulares, como por exemplo, avaliações orais caso ele tenha dificuldade em demonstrar os conhecimentos adquiridos por meio de palavras escritas ou recuperações paralelas se tiver um ritmo mais lento ou déficit de aprendizagem. Um discente com problema auditivo pode ser beneficiado ao ser colocado na frente da sala, pois isso facilitará a leitura dos lábios e da expressão facial do educador, ou ainda se pode utilizar a linguagem de sinais simultaneamente à oral, caso tenha domínio daquela. O estudante com visão reduzida pode ser beneficiado com a técnica de ampliação das letras tanto na lousa ou quadro negro como em tarefas e avaliações impressas.
O objetivo de tais exemplos de práticas docentes não é tratar as crianças e os jovens como melhores ou piores uns que os outros no processo de ensino e aprendizagem, mas reconhecer a necessidade da compreensão da diversidade com o professor exerce o magistério para que possa desenvolver um trabalho de qualidade, que atinja a todos, sem ser excludente. Ao invés da criação de estereótipos sobre modelo ideal de aluno ou da uniformização das crianças e dos jovens, o docente na educação inclusiva deve enxergar em cada discente um ser que é uno, que merece ser tratado como especial, realmente único como é.
Referência:
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003.
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