O QUE NÃO SE APRENDE PELO AMOR, TERMINA-SE FORJANDO ATRAVÉS DA DOR

    Por JORGE ESCHRIQUI

O mundo é um palco onde, por determinado tempo, cada ser humano representa pelo seu livre arbítrio um personagem. Somos livres para fazer os atos que queremos, só que estes atos nos pertencem, moldam as nossas personalidades e, a partir deles, colheremos frutos amargos ou doces. O que desejamos para os semelhantes acabamos por receber também. Afinal, sempre permanece um pouco de perfume nas mãos de quem oferece rosas.

A fé na vida precisa de uma base sólida baseada na compreensão e no entendimento da razão da nossa existência neste mundo. Não basta ocupar um espaço físico neste planeta. É necessário entender que cada ser humano conta e tem a sua devida importância para torná-lo em um lugar melhor para todos os seres que nele habitam no presente e no futuro. Devemos saber que é impossível que sozinhos possamos transformá-lo e muito menos de uma hora para outra. Mas podemos influenciar positivamente aqueles que estão ao nosso redor. Como? Mais do que com palavras, através do ato de fazer o Bem. Fazendo-se o Bem, saímos do plano teórico e mostramos na prática o caminho para se tornar Bom. Se você não conseguir mudar o círculo social que compõe a sua rotina de vida, não deve se sentir fracassado. O importante é ter a consciência de que pelo menos algo foi tentado.

O mundo é uma escola a céu aberto, pois nele podemos vivenciar intensamente as diferenças, pessoas boas, outras más, uns poderosos, outros excluídos, negros, brancos e pardos, sadios e doentes. Contudo, a primeira e a mais fundamental lição da vida é esta: somos o que forjamos de nós a cada dia. Somos livres para fazer o ato que queremos, mas obrigados a responder por eles. As ações boas, reações de felicidade, ações ruins, reações de dores. E uma coisa é certa: melhor aprender através do Amor do que ser moldado por meio da Dor.

Aproveitemos o presente. Façamos, realizemos, crescemos humanamente, evoluamos física, mental e emocionalmente. Não devemos deixar para fazer no futuro o que nos compete fazer agora. Afinal, quem garante que estaremos vivos neste plano físico amanhã para dizer àqueles que gostamos um "eu te amo" e "você é importante para mim" ou estender a mão a um semelhante que precisa de uma ajuda material ou de uma palavra de apoio que pode fazer toda diferença para as dores da sua alma.

Aliás, em tempos modernos de desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação que deveriam aproximar mais as pessoas, parece que acontece exatamente o contrário. Utilizamos geralmente as redes sociais, por exemplo, não para nos aproximarmos mais uns dos outros, mas para construirmos muros entre nós através do ódio e criarmos uma realidade paralela que não condiz muitas vezes com o que vivemos em nosso dia-a-dia (como se tivéssemos a necessidade de ostentar um mundo de fantasia somente para ganharmos algumas curtidas em nossas postagens e, assim, insuflarmos o nosso ego). Muitas vezes temos tanto e nos apegamos em desejar o que não possuímos. É necessário dar valor ao que temos! Porque se amamos o que possuímos não sobra tempo para lamentar o que não temos.
Por outro lado, ironicamente, nunca nos sentimos tão sozinhos em meio à multidão que está em nossa volta. Parece que somos mais um número de RG ou CPF até mesmo dentro das nossas casas, não dando atenção aos nossos próximos como deveríamos. E nas ruas? Pior ainda... A correria do mundo moderno torna-nos insensíveis, fazendo dos semelhantes em situação de vulnerabilidade social seres invisíveis aos nossos olhos.

Não deixem que a dor física parem o seu tempo para que possam enxergar a beleza das coisas mais singelas da vida, amar aqueles que são importantes em nossas existências, valorizar o maior bem que um homem pode ter - a sua saúde - , perceber que Deus faz-se presente em cada semelhante (afinal, Ele mesmo nos ensinou que "amai ao teu semelhante assim como eu mesmo vos amo"). Porque aprender pela dor é a pior prova e expiação que pode um ser humano ter para se regenerar e forjar a sua personalidade.

Temos sempre oportunidades de aprender a sermos bons pelo Amor. Quando recusamos, a Dor vem nos ensinar. Às vezes, nem ela consegue porque para muitos esta traz a revolta. Mesmo assim a Dor não desiste, e vai ensinando, ensinando, até que o indivíduo se renda e aprenda. Se cada indivíduo, consciente de que necessita fazer algo de bom para que a fraternidade universal aconteça o fizesse, seriam muitos a se reunir, a amar para tentar anular o ódio que leva à luta fratricida e ameaça a existência na Terra e fortalecer o Amor. E um dia a Terra, a morada da humanidade, seria um lugar onde a verdadeira confraternização ocorreria.

Apesar das nossas diferenças, enquanto seres humanos, nossos sentimentos são os mesmos. Temos as mesmas dores, as mesmas angústias, as mesmas aspirações, gostamos das mesmas coisas. E se estamos a nos agredir, a matar, é sinal que algo está errado. E o erro é nosso. Precisamos compreender que temos a liberdade de construir uma vida cada vez melhor tanto interior como exterior. Se não pararmos para pensar, passaremos ainda séculos nos revezando, ora agredidos, ora agredindo. A humanidade é uma só, apesar de que os homens se apresentam como brancos, negros, amarelos, etc. Devemos mudar o nosso mundo interior para melhor para que as nossas ações exteriores não sejam causa da dor dos nossos semelhantes.
Se não fizermos o Bem e não pararmos de nos odiar, não iremos nos livrar nunca das dores dos nossos erros. Precisamos construir um novo relacionamento entre os seres humanos. Não mais porque esta ou aquela religião ou igreja quer, sim porque nós queremos construir um mundo em que todos possamos ser felizes. Quando o ser humano faz o bem não porque esta ou aquela religião ou igreja quer, mas compreendendo o que seja ética, moral e virtude, há então garantia de Paz, harmonia e felicidade na vida de toda a humanidade.

Enquanto a Terra for um planeta de indivíduos preocupados cada um consigo próprio, sem trabalhar pelo bem comum, teremos oprimidos e opressores. Somos donos do nosso destino, seja na construção do bem ou no acúmulo dívidas no cultivo do mal. O que somos hoje é resultado do que fizemos ontem e nosso amanhã será o florescimento do que plantamos hoje.

Paz e Bem!

Imagem:
MACIEL, Sandro. Obra de arte "Paz no Mundo". Acrílico em Tela, 80x126 cm, 2022.



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