AS DIFERENTES PERSPECTIVAS SOBRE A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Por JORGE ESCHRIQUI
(1) Qual é o papel da História na avaliação dos acontecimentos atuais?
O papel da História na escola é retirar os jovens de um "presenteísmo" que os impede a percepção no passado da presença de possíveis fatores explicativos para o entendimento de fatos e fenômenos do mundo contemporâneo. Tal "presenteísmo" pode ser explicado pelos hábitos de consumo intensos implantados pela fase atual do sistema capitalista que procura constantemente relacionar o novo com o moderno e o antigo com o velho ou ultrapassado e vincular a autoestima dos indivíduos com o consumo desenfreado e, muitas vezes, irracional de novos objetos e tecnologias lançados constantemente.
Além disso, o estado de "presentificação" está baseado também na massificação de informações que são compartilhadas no mundo globalizado por diversos meios de comunicação. Informações que normalmente são desprovidas de análises mais aprofundadas dos acontecimentos (quando não são simplesmente falaciosas e infundadas), o que não impede, porém, a sua rápida difusão e compartilhamento em diferentes tipos de redes sociais e mídias.
Tal situação é preocupante porque resulta na ausência de uma memória histórica responsável pelos laços de identidade entre os homens atuais e seus antepassados e na incapacidade de analisar, refletir e criticar sobre as realidades social, econômica, política e cultural para que os indivíduos possam enxergar-se como sujeitos históricos capazes de uma intervenção consciente para a transformação da sociedade. Por conseguinte, estas constatações ajudam a compreender os comportamentos de desinteresse, alienação e egocentrismo observados em diversas pessoas das gerações atuais diante dos problemas que afetam o bem-estar da sociedade nacional e da humanidade.
(2) O aluno avalia o professor?
O aluno permanentemente avalia o professor tanto em relação ao domínio ou não dos conteúdos, tendo os seus conhecimentos ou saberes sobre as disciplinas testados cotidianamente, quanto no que diz respeito às contradições entre o discurso adotado durante as aulas expositivas que tratem de noções sobre liberdade, igualdade, fraternidade, democracia, cidadania, diversidade, etc. e as práticas pedagógicas democráticas ou autoritárias do docente para se fazer ser ouvido, compreendido e respeitado em sala de aula, realizar avaliações de caráter eminentemente punitivo ou preocupadas com o acompanhamento do desenvolvimento das competências e habilidades dos estudantes e tolerar e aceitar ou não a multiplicidade cultural, étnica e social dos indivíduos com os quais convive no ambiente escolar.
No caso da ocorrência de contradições entre o discurso empregado pelo docente na explicação dos conteúdos e as práticas pedagógicas adotadas por ele, isso pode gerar um comportamento de descrença dos alunos em relação aos aprendizados que possam ser obtidos através dos conhecimentos abordados pelas disciplinas escolares, resultando, inclusive, no questionamento sobre a autoridade do professor e o valor de suas aulas. Logo, cria-se um obstáculo praticamente intransponível entre os estudantes e o processo de ensino e aprendizagem efetivo e qualitativo dos conteúdos curriculares.
(3) O que deve ser levado em conta ao planejar a avaliação?
O adequado planejamento da avaliação deve levar em conta os seguintes aspectos: (a) Diagnosticar as condições socioculturais e o nível médio de desenvolvimento cognitivo que apresentam as diferentes turmas com as quais o professor trabalhará durante o ano letivo; (b) Respeitar os diversos ritmos de aprendizagem dos conteúdos apresentados por cada aluno e turma; (c) Conhecer as competências e as habilidades estabelecidas pelos programas curriculares durante o ano letivo para a abordagem dos diferentes conteúdos e cada ano/série escolar; (d) Ter clareza quanto aos objetivos estabelecidos pelo Projeto Político-Pedagógico (PPP) da instituição escolar para a aprendizagem dos conteúdos, a obtenção de competências e habilidades por parte dos alunos e o resultado nas avaliações internas e externas durante um lapso temporal previamente estabelecido; (e) Realizar avaliações somativas ou pontuais compatíveis com a expectativa de aprendizado dos conteúdos em uma determinada etapa da vida escolar, mas sem perder de vista a necessidade de avaliações formativas ou contínuas a fim de se ter um parâmetro permanente sobre o interesse e os avanços obtidos por cada aluno e turma ao longo do processo de ensino e aprendizagem. Afinal, avaliação não é para punir e nem muito menos reprovar alunos, pois, assim, torna-se inviável falar-se em uma escola democrática e inclusiva; (f) Deixar claro aos alunos desde o começo do ano letivo os instrumentos adotados e a forma de organização das avaliações pelo professor ao longo dos bimestres; e (g) Utilizar os resultados das avaliações para a realização de uma autocrítica do trabalho pedagógico desenvolvido pelo docente (feedback), fazendo-se alterações necessárias nos planejamentos de aulas e avaliações em casos de insucesso no alcance dos objetivos inicialmente estabelecidos para a aprendizagem dos conteúdos e a aquisição das competências e habilidades por parte dos alunos.



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